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A Rádio em Goiás e suas transformações

Buscando evidenciar e compartilhar um pouco da História da Rádio em Goiás, nosso grupo, elaborou um Podcast com um entrevistado especial que foi o ilustre Márcio Rodrigues, radialista na Positiva FM, uma das rádios mais bem conceituadas no cenário atual do Estado de Goiás.Com intuito de trazer alguns assuntos que consideramos pertinentes e relevantes, tendo em vista o foco na comunicação social e nas conjunturas publicitárias, englobando a dinâmica do Capital.Contudo, consideramos válido ressaltar nesse artigo alguns pontos que não seria possível abordar em um Podcast devido a sua complexidade teórica e consequentemente uma análise mais longa. Sendo assim, vamos destacar alguns tópicos essenciais para a melhor compreensão da História da Rádio no Estado de Goiás e a sua contextualização sociocultural. 


O Pioneirismo: 

No final da década de 1920, o Mundo vivenciava um período de crise financeira no sistema capitalista, e isso trouxe inúmeros impactos para a governança dos Países naquela época. No Brasil, vivenciávamos a política de Getúlio Vargas, e umas das medidas propostas e aferidas foi a expansão da Indústria Nacional e a valorização da classe operária brasileira, criando várias leis trabalhistas e definindo parâmetros expansionistas visando a manutenção do crescimento do País. Em Goiás, o governador da época, Pedro Ludovico Teixeira, anunciava a campanha de “marcha para oeste” com a intenção de trazer mão de obra vinda de outros estados brasileiros, em troca de melhores condições de vida, maiores ganhos e boas oportunidades em um estado que estava buscando iniciar seu crescimento/industrialização. É nesse cenário e ao mesmo passo que a rádio começa a ocupar espaço em Goiás,sendo um meio de comunicação eficiente para propaganda e também para informações políticas.




A radiodifusão em Goiás colaborou para a criação de um ambiente propício à efetivação dos interesses estatais naquela época.


A partir das décadas de 1930 e 1940, as estações de rádio começaram a surgir em todo o estado, transmitindo programação variada, incluindo notícias, música, radionovelas, propagandas e programas educativos. Nesse período, surge em Goiânia a Rádio Brasil Central que é até os dias atuais uma referência internacional quando se trata de comunicação via rádio, devido às suas inovações,a sua dinamicidade e afinidade em conectar o ouvinte com as suas programações. Essas estações de rádio tornaram a comunicação mais acessível ao público, desempenhando um papel importante na disseminação da cultura e identidade regional.

 

Das linhas de ferro até a radiodifusão 


O começo da comunicação em Goiás através de tecnologias foi um dos principais vínculos do estado com outras regiões do país.Isso surge numa época em que a principal forma de comunicação à distância eram cartas e poucos jornais, que levavam dias ou semanas para chegar aos lugares mais longes.No início do século 20, o sudeste de Goiás era mais industrializado que o norte, devido à proximidade com as indústrias de São Paulo. Devido a essa proximidade algumas cidades vão se desenvolver em vários aspectos, inclusive os comunicacionais. Esse rápido avanço é facilitado com a chegada das estradas de ferro trazendo consigo uma alta gama de migrantes e comerciantes. Com isso, vemos uma mudança na esfera social em cidades do Sudeste Goiano, onde se desenvolve os meios de comunicação para facilitar essas relações que se expandiram em decorrência do crescimento econômico das cidades. Naquela época os primeiros radialistas que trabalhavam como locutores das emissoras pioneiras, aprenderam o ofício em sistemas de alto falantes. Os primeiros alto-falantes utilizados pelos radialistas eram muitas vezes feitos de componentes simples, como cones de papelão ou madeira, bobinas de fio e ímãs. Eles eram projetados para amplificar o som das transmissões de rádio e eram frequentemente usados em eventos ao ar livre e locais públicos para alcançar grandes audiências. Esses alto-falantes rudimentares foram fundamentais para os estágios iniciais da radiodifusão, ajudando a disseminar mensagens, notícias e entretenimento sonoro para um público mais amplo. Quando se trata da interseção entre industrialização, radiodifusão e capitalismo, alguns radialistas e comunicadores se destacam, como: 

Herbert Marshall McLuhan: Embora não seja estritamente um radialista, McLuhan é um teórico da comunicação que explorou profundamente a interação entre os meios de comunicação de massa, incluindo rádio, e o impacto cultural da tecnologia. Sua obra "Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem" é especialmente relevante nesse contexto. 

Orson Welles: Conhecido por sua adaptação radiofônica do livro "Guerra dos Mundos", de H.G. Wells, que causou grande comoção nos EUA em 1938. Welles demonstrou como a radiodifusão poderia ser poderosa e influente, aproveitando a tecnologia para criar uma experiência imersiva.

Howard Stern: Um dos radialistas mais conhecidos e controversos da história da rádio americana, Stern desafiou muitas normas sociais e limites culturais com seu programa. 



A Rádio sob a ótica do Capital 


Para que se tenha a comunicação na rádio é necessário boas condições técnicas e bons equipamentos, ou seja, que os aparelhos utilizados estejam funcionando corretamente. Necessita-se também de uma local apropriado para a instalação da aparelhagem e, ainda, da permissão do Estado para a sua instalação. Isso tudo pressupõe gastos e uma quantia elevada de dinheiro. Portanto, uma maneira encontrada pelos proprietários dos meios de comunicação para suprirem essas necessidades foi recorrer ao comércio, provocando assim, a mercantilização dos meios de comunicação. 

A mercantilização dos meios de comunicação irái dar origem ao capital comunicacional, a partir do qual sofrerá profundas alterações, evidenciando agora, uma programação dominada pela propaganda mercadológica. Portanto, aqueles que se utilizam das emissoras de rádio buscam lucrar com a mercantilização dos programas, divulgando mercadorias e lucram também, principalmente com propaganda do Estado e de partidos políticos. Neste sentido a comunicação vai receber um tratamento especial por parte do Estado, os meios tecnológicos são submetidos a uma organização formalmente estabelecida em critérios constitucionais pautados em legislações, para que o conteúdo divulgado não entre em contradição com os seus princípios políticos. Com isso, para que se exista a rádio a partir de agora é necessário prestar contas ao Estado, solicitando sua permissão o qual emite uma aprovação através da liberação de uma concessão, um canal por onde ocorrerá a transmissão da emissora. Essa concessão é concedida, por sua vez, após o pagamento de uma taxa, que deve ser renovada anualmente. 

Trazendo à tona a questão, o que é a Rádio? Podemos afirmar que as emissoras de rádio nada mais são do que um meio tecnológico de comunicação utilizado para transmitir um conjunto de conteúdos informativos os quais sofrerão a interferência daqueles que o produzem e pelo meio que estão inseridos. Fazendo-nos questionar então, a questão fundamental relacionada à comunicação no capitalismo “seria não os meios utilizados e sim o modo como se realiza a comunicação”

Com a grande crise de 29 que assolou o mundo, traz como consequência para o Brasil, profundas mudanças em sua estrutura social. Iniciando a década de 30, medidas protetivas foram tomadas pelo Estado brasileiro no sentido de organizar política e economicamente o cenário nacional para favorecer e fortalecer a expansão capitalista, Vargas toma medidas para estabelecer uma reordenação das relações sociais  propondo essencialmente a regularização formal da exploração do trabalho, e assim o faz. A industrialização vai receber um tratamento especial, e agora, a ordem governamental é facilitar o seu desenvolvimento nos Estados do interior do Brasil. É neste momento que vemos avançar sobre Goiás, a ideia de reorganização do Estado para intensificar a sua industrialização. Economicamente, tinha-se de criar mecanismos que reorientaram a economia do setor agrário exportador para o setor urbano industrial. 

O Estado agia para facilitar e criar as condições para as relações de produção capitalista se expandirem para o centro do país. Além disso, outra medida tomada foi a divulgação da ideia da Marcha para o Oeste, através da qual dizia-se buscar o progresso para Goiás. E nesse contexto, o rádio, assim como outros meios de comunicação (jornais e revistas) existentes aqui no nosso estado na década de 30 e 40 contribuíram, à sua maneira, para a formatação de um ambiente propício à efetivação dos interesses do Estado. Foi, entre tantas outras estratégias criadas pelo Estado nacional, um dos meios por onde divulgava constantemente as suas intenções. 

Neste período se destacou muito o sistema de auto falantes, que foram as primeiras experiências de veiculação comunicacional mediada por meios tecnológicos em Goiás. Sendo feita pelo jornal “Ypameri” da cidade de Ipameri em novembro de 1927. Nesse período havia a dificuldade de comunicação entre as cidades do interior e os grandes centros. Contudo, os acontecimentos mundiais já eram ouvidos em Goiás através de aparelhos receptores. E essas mesmas informações eram retransmitidas, tanto pelos sistemas de alto-falantes, como por jornais locais


A Expansão: Anos 1950 e 1960 


Os anos de 1950 viram mudanças significativas no rádio em Goiás, com o lançamento da Rádio Brasil Central em março desse mesmo ano. Isso marcou um salto significativo na comunicação do estado, passando de uma abordagem local para um alcance internacional. As primeiras agências de publicidade surgiram nas décadas de 1950 e 1960, refletindo uma maior consciência da importância e eficácia da propaganda como técnicas válidas para a dinâmica capitalista.Empresários como José Cunha Júnior descobriram a importância de ter suas próprias agências de propaganda, expandindo o mercado publicitário em Goiás. A Rádio Brasil Central foi fundada com o objetivo inicial de proteger e divulgar as obras do então governador:Jerônimo Coimbra Bueno.Sua criação está ligada a um objetivo político partidário e também ao avanço do capitalismo no Brasil, principalmente em áreas como Goiás, que ainda não estavam totalmente integradas ao mercado consumidor nacional.A emissora transmitia propagandas de grandes empresas e programas desenvolvidos por terceiros com o objetivo de lucratividade. Os programas de Walter Meneses "Subindo a Serra" e "Descendo a Serra" foram criados com o objetivo de atrair espectadores e obter lucro. Além disso, o texto enfatiza como os locutores do rádio afetam as interações sociais e as decisões governamentais. O programa "Sob os Céus de Goiás" é mencionado como um exemplo desse impacto. A ideia é agrupar essa história para que as pessoas possam entender melhor seu papel no desenvolvimento econômico do estado.


Jerônimo Coimbra Bueno
Ex governador de Goiás


Edson Rodrigues, Radialista RBC

A Era de Ouro da Rádio em Goiás 


Na década de 1940 à 1960, Goiás vivia um grande crescimento industrial. Esse cenário trouxe consigo importante avanço tecnológico, novas oportunidades de emprego e maior visibilidade nacional para o estado. Nesse período, a rádio  começou a vivenciar grandes mudanças tecnológicas. Uma das primeiras mudanças que ocorreu, foi a criação de um sistema de alto-falantes chamado  Marisa.  A implementação do sistema de alto‐falantes Marisa, abriu uma nova área de atuação para os radialistas e expandiu a carreira de muitos artistas locais da época como: Moraes César, Mário Nunes e Conjunto Havaí, por exemplo. Os sistemas de alto‐falantes foram fundamentais para a divulgação cultural, uma vez que nessa época as músicas de sucesso eram veiculadas somente em grandes cidades. A partir da instalação desses sistemas, canções nunca antes ouvidas em cidades menores, tornaram-se conhecidas e passaram a fazer parte do dia a dia de muitos goianos. Além da expansão cultural promovida pelo sistema de alto‐falantes Marisa, Goiás também vivenciava uma expansão artística local através dos programas auditórios liderados pelas rádios locais. Uma das rádios que promovia este tipo  de programação era a Amplificadora Cultural de Anápolis que reunia em média quatrocentas pessoas em suas programações ao vivo. A Amplificadora Cultura de Anápolis promovia bailes e Matinês com artistas locais e também trazia cantores de outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro, além de teatros e radionovelas com atores divulgados pela Rádio Nacional. Não apenas compostas por músicas eram feitas as programações das rádios goianas. A rádio Clube de Goiânia por exemplo, trouxe uma programação com bastante diversidade cultural, compartilhando com seus ouvintes os costumes, tradições e lendas locais. A Rádio Clube foi a primeira emissora presente em Goiânia e foi implantada pelo prefeito Venerando de Freitas e Assis Chateaubriand,se tornando a maior rede de comunicação da América Latina durante as décadas de 1940 e até 1970. Finalizando a leitura, vimos que Goiás experimentou um desenvolvimento gigantesco em relação a rádio, saindo de um sistema local limitado para uma ascensão internacional, promovendo não só a cultura goiana e suas tradições, mas também grandes vozes como Amado Batista, Zezé de Camargo, Ely Camargo e tantos outros nomes que são conhecidos nacionalmente até hoje. 



 

A Chegada do Digital: A rádio moderna em Goiás 


Os anos 90 da rádio foram marcados por mudanças tão rápidas quanto a sintonia digital. Fórmulas inovadoras atraem emissoras tradicionais para permanecer competitivas dentro do mercado,manter os anunciantes e captar uma quantidade significativa de publicidade. A forma como as pessoas consomem conteúdo de áudio mudou com a introdução da transmissão via satélite e a disponibilidade de estações de rádio na internet.Isso permitiu uma variedade infinita de programação e uma audiência global. Os podcasts também se tornaram uma forma popular de conteúdo de áudio, demonstrando como a rádio ainda pode se adaptar às mudanças tecnológicas e permanecer relevante na era digital.

Do AM para o FM: A transmissão de rádio ocorre quando um sinal sonoro é transmitido por meio de uma torre em forma de ondas eletromagnéticas, também conhecidas como ondas de rádio. Assim, os aparelhos que estão sintonizados na mesma frequência que aquelas determinadas ondas vão captar a mensagem. Para rádios AM, a Amplitude Modulada (AM) é uma das maneiras mais econômicas de transmitir som de rádio.No entanto, as interferências de outras ondas afetam mais esse tipo de frequência, e sua popularidade começou a diminuir.A Frequência Modulada (FM) surgiu como um substituto para a AM, que tinha vários problemas. A frequência foi criada para resolver a ineficiência e as interferências frequentes da AM. Como resultado, o modelo é mais complexo e exige mais despesas de manutenção.A principal vantagem é a qualidade que proporciona, sem ruídos, sem interferências e, em consequência disso, com um alcance muito maior. Nos anos 2000, a transmissão digital do sinal de rádio teve um impacto principalmente na qualidade do serviço oferecido pelas emissoras. A nova tecnologia elimina os ruídos das FMs que tinham som de CD e as AMs passaram a ter qualidade das FMs atuais. O rádio digital permitia que as emissoras oferecessem mais serviços, como enviar mensagens de texto para a tela do aparelho, além de melhorar a qualidade do som. A ideia era usar esse recurso para fornecer informações sobre programação, trânsito e previsão do tempo.

Executiva FM: O Grupo Jaime Câmara fundou a rádio Executiva FM em 6 de julho de 1978. Desde sua estreia, tem mantido uma segmentação musical adulto-contemporânea, semelhante ao formato de rádio para ambientes dos anos 70.O Grupo Jaime Câmara lançou a Executiva FM em Brasília em 2002, substituindo o Jornal de Brasília FM. Entre 2014 e 2015, foi uma das emissoras de rádio mais influentes de Goiás.A Executiva FM era a emissora líder de audiência em seu segmento até a chegada da Alpha FM Goiânia.Em abril de 2017, a Executiva FM fez ajustes em sua programação e lançou uma nova identidade visual, bem como vinhetas e trilhas novas. Agora há mais programas informativos e espaço para artistas locais na programação

ACESSE NOSSO PODCAST ATRAVÉS DO LINK ABAIXO:



Alunos:  Matheus Martins, Evellyn Dandara lima, Nathália Carvalho, Vitor Miguel, Heloísa Rodrigues de Sousa, Ana Clara Alves da Conceição,  Gabriel Lopes Santana, Raquel do Vale, Natan borges, Andrielle Alves,Talita Rodrigues Cardozo, Isabella alves de oliveira, João Victor Teixeira Rodrigues, Maryanna Alves, Maria Luísa zuquett Carvalho, Samara Carvalho, André Frank.








 

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